O Sol na cabeça

"Em O sol na cabeça, Geovani Martins narra a infância e a adolescência de garotos para quem às angústias e dificuldades inerentes à idade soma-se a violência de crescer no lado menos favorecido da “Cidade partida”, o Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XXI.Em “Rolézim”, uma turma de adolescentes vai à praia no verão de 2015, quando a PM fluminense, em nome do combate aos arrastões, fazia marcação cerrada aos meninos de favela que pretendessem chegar às areias da Zona Sul. Em “A história do Periquito e do Macaco”, assistimos às mudanças ocorridas na Rocinha após a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora, a UPP. Situado em 2013, quando a maioria da classe média carioca ainda via a iniciativa do secretário de segurança José Beltrame como a panaceia contra todos os males, o conto mostra que, para a população sob o controle da polícia, o segundo “P” da sigla não era exatamente uma realidade. Em “Estação Padre Miguel”, cinco amigos se veem sob a mira dos fuzis dos traficantes locais.Nesses e nos outros contos, chama a atenção a capacidade narrativa do escritor, pintando com cores vivas personagens e ambientes sem nunca perder o suspense e o foco na ação. Na literatura brasileira contemporânea, que tantas vezes negligencia a trama em favor de supostas experimentações formais, O sol na cabeça surge como uma mais que bem-vinda novidade."

Título: O Sol na cabeça
Autor: Geovani Martins
Ano: 2018
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 122
Compre: AmazonAmericanas

     
     Olá gente bonita!!! Como vocês estão no meio dessa greve de caminhoneiros que está parando o Brasil? Hoje eu vim aqui trazer para vocês uma resenha que tem tudo haver com essa discussão política, e com esse cenário de desigualdades, onde o governo e a polícia abusam dos seus poderes para se enriquecer ilicitamente e roubar de toda uma população que se vê de mãos atadas, apesar de não sabermos, AINDA, a força que nós temos. Hoje, não importa se você compreende ou se concorda com a greve, o que importa é que somos um único povo e que depende apenas de nós e de nossos atos para mudar a realidade do Brasil.


    
     Geovani Martins nasceu em Bangu e morou na favela da Rocinha e do Vidigal, isso não seria importante se o autor não trouxesse dentro do seu livro de estreia toda essa carga da sua vivência e toda a violência que fez parte da sua vida. Desde o primeiro conto do livro, "Rolézim", o livro transporta a gente para uma outra realidade, parecia que eu estava lendo um livro em outra língua, o conto foi o que mais me causou estranheza, carregado de gírias e tive que recorrer a internet para me ajudar a entender o cerne da história.

“Tinha dois menó ali perto de nós com mó cara de quem dá um dois.”
   
   Nos contos nós temos pequenas histórias sobre adolescentes que cresceram nas favelas e sobre todas as influências que cercam sua trajetória de vida, desde o tráfico de drogas, até a corrupção policial, prostituição, violências e roubos. O livro mostra também o outro lado, o medo que cerca todos os dias moradores da favela. 
     
     Agora o que mais me impressionou foi o sentimento de estranheza que foi sumindo no decorrer da leitura, e de repente, nós começamos a compreender todas as mazelas que esse brasileiros tem que passar durante toda a sua vida, a leitura então começa a se tornar mais fluida, e a escrita muito mais simples, porém a realidade que o livro nos apresenta ainda é cruel.
   
   No conto "Espirral" nós sentimos a dor do racismo na pele, e como os adolescentes negros e pobres se vêem obrigados pela sociedade a seguirem um caminho que não queriam, se vêem forçados a seguir o estereótipo da sociedade, esse foi o meu conto preferido.

“As pessoas passavam, parecia que elas sentiam sempre pena de mim, ou raiva, sei lá.”


"Quando eles tão sozinho, olha pra tu tipo que com medo, como se tu fosse sempre na intenção de roubar eles. Aí quando tão de bondão, eles olha tipo que como fosse juntar ni tu. É foda.”
     
     Óbvio que eu não amei todos os contos dos livros, alguns são bem legais e outros são bem mais fraquinhos porém, o que mais importa, é que o Geovani conseguiu me tirar da zona de conforto, ele conseguiu me ensinar um pouco mais sobre empatia e sobre como toda história tem dois lados.

     Super recomendo esse livro, a leitura foi bem rapidinha e me prender do início ao fim, se você quer conhecer um pouco mais sobre a realidade das favelas, esse livro pode ser uma pequena amostra de tudo que acontece por lá e que nós não temos acesso.

     Beijos e bom restinho de sábado para todo mundo...