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Título: O Velho e o Mar
Autor: Ernest Hemingway
Ano: 2015
Editora: Bertrand Brasil
Número de páginas: 126
Crítica: O que vem a sua cabeça quando se lê “o velho e o mar”? Bom, durante um tempo eu associava a alguma história bem chata sobre superação e sofrimento da terceira idade com rótulos bem clichês dos enlatados hollywoodianos. Ao término do livro, percebi que a realmente a história era chata, mas ela é de uma delicadeza e de um poder linguístico tão grande que me fez acompanhar espiritualmente a jornada de Santiago em alto-mar.
Para darmos início a nossa resenha
eu trago uma reflexão a todos os leitores entusiastas. Vocês já se questionaram
o que é envelhecer? Pois bem, o livro O velho e o mar, de Hernest Hemingway,
escrito em 1952, nos apresenta a batalha de um velho com a sociedade, essa
relação conflituosa e bem característica das pessoas da terceira idade se dá de
uma maneira um tanto poética, pois percebemos página a página que essa guerra
invisível já está vencida e só quem não percebeu isso foi o herói de nossa
história.
Santiago já está liquidado pelo
tempo, o jovem viçoso e cheio de vigor se perdeu ao longo dos anos, e o que lhe
restou? Bom, ouso dizer que foi apenas o desejo de sentir-se vivo, isso é o que
lhe impulsiona todo dia bem cedo, juntar seus apetrechos de pesca, levá-los até
o barco e empurrá-lo ao mar, grande parceiro de vida de onde o mesmo tira seu
sustento. Onde ele compreende que sua vida não continua a mesma, pois não tem mais
sua amada ao seu lado. A Cuba pré-revolução é o plano de toda essa aventura e
também da amizade singela de Santiago e Manolin, mestre e ex-aprendiz que por
motivos econômicos teve que procura um emprego em outro barco, depois que seu
mestre foi acometido pela má sorte.
Quando eu estava lendo o livro uma
coisa me deixou pensativo. Como deve ficar o emocional de um pescador que está
a 85 dias sem pegar nenhum peixe? Sim, atentos leitores, a urgência da ocasião
era no mínimo desesperadora, apesar de terem passagens no livro que percebemos
uma barriga na narrativa, que faz com que os acontecimentos fiquem presos ao
fato da chance de uma nova pescaria malsucedida, faz com que seja iminente que
isso não ocorra, agregando assim uma carga dramática ainda maior ao contexto de
sofrimento do nosso herói.
Se aventurar pelo oceano sempre foi
uma tarefa perigosa e principalmente quando se é um pescador decadente, mas um
fato que não podemos mensurar, mas sim acompanhar esse desejo de vencer, desejo
esse que fez ele voltar até ali durante esses quase três meses. O mar essa
figura dúbia lhe concede a Santiago a chance de sua redenção, mas Hemingway
procurou nos provar que na vida se você não lutar pelos seus sonhos, ninguém
travará essa batalha por você. E foi exatamente isso que o velho fez durante
três dias lutou o bom combate.
Convenhamos robusto leitor, que um
peixe de aproximadamente cinco metros e pesando mais de 600 kg não é nada fácil
de se pescar e levando em conta os métodos de pesca apresentados realmente não
é nada sensato. Tendo todos esses aspectos dramáticos reunidos é evidente que
nosso protagonista pagou caro por seu desejo de alcançar seu tão sonhado peixe
gigante. A sorte, amiga ausente em seus dias frustrados de pesca, apesar de
tímida deu o ar da graça ao incansável Santiago. Amparo fundamental para que o
embate do velho com seu algoz gigante ficasse em equilíbrio. Mas nem toda sorte
do mundo evita que chagas surjam ao passar das horas.
Apesar de todas as dificuldades a
perseverança se sobressai e vislumbres do jovem de outrora se tornam presentes
luta com seu amigo. Sim, surpresos leitores, o nosso destemido herói percebe
que o peixe é um guerreiro igual a ele e que sua perseverança é de uma honradez
que faz com que uma ligação empática entre os dois seja estabelecida até nosso
herói vencer a batalha. Muito ainda precisava ser feito e o retorno até a costa
seria longo, pois o incansável peixe apesar de tombado lutou bravamente para
escapar deixando o barquinho em alto mar.
Santiago sempre soube dos perigos
de sua aventura inesperada, até conseguir prever bem todas as dificuldades que
iria ter que enfrentar. O retorno para casa ainda guardava perigos dos quais eu
não sabia se conseguiria sair vitorioso, não demorou para o jogo mudar para
pior, pois o que parecia certo ainda dependia de um lance de dados feito pelo
destino. E assim os dados rolaram e um tubarão após o outro atacaram seu peixe
tão precioso. Mais uma vez uma luta mortal foi travada, mas nosso herói acabou
sem seu estimado peixe.