Gabriela, Cravo e Canela



Sinopse: "O romance entre o sírio Nacib e a mulata Gabriela, um dos mais sedutores personagens femininos criados por Jorge Amado, tem como pano de fundo, em meados dos anos 20, a luta pela modernização material e cultural de Ilhéus, então em franco desenvolvimento graças às exportações do cacau da região. O eixo da história é a relação delicada e complexa entre as transformações materiais e as idéias morais. Com sua sensualidade inocente, a cozinheira Gabriela não apenas conquista o coração de Nacib como também seduz um sem-número de homens ilheenses, colocando em xeque a férrea lei local que exigia que a desonra do adultério feminino fosse lavada com sangue"Publicado em 1958, Gabriela, cravo e canela logo se tornou um sucesso mundial. Na televisão, a história se transformou numa das novelas brasileiras mais aclamadas mundo afora. No cinema, Nacib é vivido por Marcello Mastroianni, e Gabriela, por Sônia Braga.






Título: Gabriela, Cravo e Canela
Autor: Jorge Amado
Ano de lançamento: 1958
Ano da edição: 2008
Editora: Companhia das letras
Número de páginas: 363
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Crítica: Olá gente linda, mais uma vez venho aqui trazer para vocês a resenha de um livro, que apesar de ter sido uma leitura bem difícil de concluir, foi muito importante como experiência para minha vida de leitora. Jorge Amado é um dos meus autores nacionais favoritos, apesar desse ser apenas o segundo livro dele que eu leio. 
     Um dos pontos que me levaram a ter interesse em ler Gabriela, se deve ao fato de ter passado minha infância toda na cidade de Ilhéus, onde a história do livro acontece, e a casa da minha mãe é colada, parede com parede, com o Vesúvio, então esse livro tem para mim um gostinho de infância. 
     No início do livro nós nos deparamos com a cidade de Ilhéus, na década de 20, no período da ascensão do cacau, onde o dinheiro estava começando a correr pela cidade, porém ela ainda era governada pelos mesmos coronéis da época da conquista de terras. Logo, apesar de ser uma cidade que estava em constante desenvolvimento, ela tinha o pensamento e a população atrasada, logo no começo temos um casal de amantes assassinado pelo marido traído e a população da cidade apoia sua atitude, pois "honra de marido traído se lava com sangue".


"Falava-se muito em progresso, o dinheiro corria solto, o cacau rasgava estradas, erguia povoados, mudava o aspecto da cidade, mas conservavam-se os costumes antigos, aquele horror." 


     Juntamente com o panorâmica histórico do livro, Jorge Amado nos apresenta Nacib, um sírio dono do bar Vesúvio, maior ponto de encontro da cidade que se vê inesperadamente sem cozinheira. Ele também nos apresenta a Gabriela, uma retirante, que acaba de chegar a Ilhéus tentando melhorar de vida e que ao chegar na cidade fica no "mercado de escravos" à espera de alguém para contratá-la. É aí então que a história dos dois se entrelaça.
     Gabriela é uma personagem diferente de todas que já li, apesar do autor não ter dado muito profundidade a sua personalidade. Ela é uma mulher extremamente sensual, que ama a vida e a simplicidade. Ao começar um relacionamento com Nacib e ser sua cozinheira se sente realizada, porém ao casar, se sente presa e amarrada em laços da sociedade e começa a ficar infeliz.  


“Só desejava a campina / Colher as flores do mato / Só desejava um espelho / De vidro pra se mirar / Só desejava do sol / Calor, para bem viver / Só desejava o luar / De prata pra repousar / Só desejava o amor / Dos homens pra bem amar / Oh. Que fizeste, sultão, / De minha alegre menina?"


     O livro traz várias histórias de fundo, como por exemplo os problemas políticos e econômicos da cidade, mas a história de Nacib e Gabriela, de certa forma, foi o que regeu a cidade nessa época. Nós vemos no decorrer do livro como Gabriela chega na cidade e muda tudo ao seu redor, nós vemos também todo esse brilho começar a desaparecer quando ao se casar com seu Nacib se vê proibida de fazer várias coisas, pois agora havia se tornada uma mulher da sociedade. O desfecho desse romance é muito interessante e nos faz questionar sobre os tipos de relacionamentos que existem. Jorge Amado trouxe muita inovação, veio derrubando barreiras, mostrando que a mulher não era um objeto e nem por isso era posse de alguém. Esse é um livro para se ler de mente aberta e tentar entender como o autor era uma pessoa a frente do seu tempo. E para quem gostou desse livro, tentem dar uma chance também a Capitães de Areia, porque ao conhecer esses dois livros você vai começar a entender a grandiosidade do Jorge Amado.
     Beijos e obrigada mais uma vez por tirarem um tempo da vida de vocês e lerem o que tenho a dizer sobre esse livro maravilhoso. Até a próxima!!!