Sinopse:
“Pantera Negra” acompanha T’Challa que, após a morte de seu pai, o Rei de
Wakanda, volta pra casa para a isolada e tecnologicamente avançada nação
africana para a sucessão ao trono e para ocupar o seu lugar de direito como
rei. Mas, com o reaparecimento de um velho e poderoso inimigo, o valor de
T’Challa como rei – e como Pantera Negra – é testado quando ele é levado a um
conflito formidável que coloca o destino de Wakanda, e do mundo todo, em risco.
CRÍTICA: Lançado
em 15 de fevereiro de 2018, pelo studios
Marvel, o filme conta com a direção de Ryan Coogler e mais de duas horas de
duração. O longa é o primeiro filme a ter um elenco inteiramente de pessoas
negras e os coadjuvantes são brancos, é o primeiro traço do filme que mostra o
seu diferencial perante os outros filmes.
Um
traço que a Marvel sempre tentou colocar em seus filmes foi as piadas e os
momentos cômicos mas nem sempre isso funcionava em seus roteiros, no Pantera
Negra, o roteiro funcionou muito bem e souberam dosar os momentos cômicos e as
piadas, a personagem da Princesa Shuri, a irmã do Pantera, é uma das responsáveis
por essas piadas e momentos, sempre com uma piada pronta para enaltecer a
tecnologia perante o tradicionalismo do país, como na cena que o seu irmão está
usando um calçado tradicional do país dentro do laboratório de tecnologia onde
Shuri trabalha, a mesma faz uma piada referente a isso e aos anciões da nação. Não
são piadas pejorativas ou algo similar, são doses de bom humor em um roteiro de
ação.
Outro
ponto que ficar bem evidente no filme é a dicotomia de tradição vs tecnologia. Durante
todo o filme é notável ver como a uma nação que é avançada tecnologicamente
segue um regime tão tradicionalista, como a monarquia. Outros contrapontos são
apresentados durante todo o longa, como a organização social que é um ponto
tradicional, como os meios de comunicação e de defesa da nação que é um ponto tecnológico,
é uma nação hibrida entre tradição e tecnologia. É um país onde as fronteiras
entre o futuro e o passado são quase invisíveis.
Dentro
da trama é apresentado dois vilões, o primeiro Ulysses Klaue, que representa
bem o estereotipo do vilão malvado e sem escrúpulo algum. Klaue é um antigo
inimigo de Wakanda e retorna no inicio do filme apenas para introduzir o real “vilão”
do filme, Erik Killmonger. Na minha concepção vejo o Erik, mais como um anti-herói
pois ele tem uma motivação para sua vingança e não esta fazendo aquilo por dinheiro
ou qualquer motivo similar, é apenas vingar a morte de seu pai e ocupar o
espaço que ele acha que é de direito. Seguindo ainda com o Erik, dentro do
filme é introduzida o paradoxo de identidade, onde Wakanda não reconhecia o
Erik como membro mesmo ele sendo filho de alguém da realeza, esse é o momento
mais antropológico que identifiquei no filme, como alguém tem seus parentes e
ancestrais em determinado território mas não pertence a ele por não nascer
naquela terra? O filme abre discussão para esse ponto de forma que os
questionamentos não são respondido claramente,
pois só reconhecemos a aceitação de Erik como membro de Wakanda por meio do Rei
T’Challa, no momento da morte do vilão.
A
personagem de Erik ainda abriu espaço para introduzir uma discussão importante,
a militarização de grupos sociais menos desfavorecidos. Após, Erik assumir o
trono a principal vontade dele é enviar para todo o mundo armas de vibranuim
para todos os desfavorecidos do planeta para que lutem contra seus opressores,
isso mostra o quão radical é, quando movimentos sociais se apossam de armas e
fazem disso a frente de batalha para defender um ideal. Nada tão distante de
nossas realidades, tanto no Brasil, como no EUA, se fala em armamentos para
defender os “cidadãos de bem”, mas é necessário arma-los para praticar essa
defesa? A maior lição que o ser humano mostrou durante a evolução da humanidade
é que a violência não é resolução plausível para nada.
E
por último e não menos importante, o ponto social que irei destacar é o
empoderamento feminino do filme. Requisito presente em todo o filme, desde das
funções e espaços mais importantes da sociedade de Wakanda à representação de figuras
maternas. O empoderamento feminino no longa está presente em estâncias nunca imaginadas,
como: o sistema monárquico, nele o exército
particular da coroa é formado por mulheres, a figura do guerreiro mais forte
é uma mulher. São espaços como esses que ressalta que a mulher deve ocupar o
espaço que ela desejar e não deve existe limites ou padrões que a impeçam.
Em outros
termos cinematográficos, ressalto a fotografia, que fez um trabalho belíssimo nas
cenas onde mostra toda a riqueza natural, paisagens magnificas, a trilha sonora
que achei um trabalho esplendido pois ressaltou
diversos traços africanos. O longa não é apenas um filme de ação e aventura que
vai compor um universo de super heróis é algo mais, é um forma de representar
um povo, uma nação, uma raça tão “esquecida” e marginalizada pela sociedade. a
humanidade tem um divida eterna com os negros e qualquer espaço que eles estão
à ocupar ou ocupando hoje é seu por direito. O filme é um ato de representatividade.