ATENÇÃO CONTÉM SPOILERS
Sinopse: Sieger, 15 anos, está treinando muito para os campeonatos nacionais de revezamento, quando conhece o intrigante e imprevisível Marc. A amizade que se desenvolve não parece fora do comum, mas Sieger secretamente guarda sentimentos mais fortes por Marc. Ele começa uma luta solitária consigo mesmo quando percebe que Marc também está apaixonado por ele. Mas sua mente está em outro lugar, pois acha cada vez mais difícil negar seus sentimentos por Marc.
CRÍTICA:
Filme holandês,
produzido por Pieter Kuijpers, Sander Van Meurs, Iris Otten, com a direção Mischa
Kamp, lançado no ano de 2014, o filme foi pensado e produzido para a tv
holandesa, com uma proposta de retratar um recorde da vida de um adolescente
nas suas primeiras descobertas.
Jongens, BOYS ou Garotos, sei lá qual seja o
nome (kkkk), vem com uma postura que a maioria dos filmes de cunho homossexual
não tem, pois trata-se de um filme que não possui a pegada e nem muito menos o caráter
de um filme que aborte a questão do ativismo, trata-se de um filme que retrata
como um adolescente está no processo de descoberta da sua sexualidade, tudo isso
tratado com uma leveza e sutileza que falta em muito filmes de grande portes, e
antes que me esqueça é uma PRODUÇÃO INDEPEDENTE.
Sieger é
o pilar que sustenta sua frágil família. O irmão mais velho não consegue um
emprego fixo e está mais preocupado com sua moto do que com o próprio futuro. E
o pai passa a maior parte do tempo em casa, sem saber como lidar com os dois e
nem com os seus dias. A situação deles se complicou após a morte da mãe, vítima
de câncer, e cada um tenta ao seu modo seguir em frente. Um se rebelando, outro
se fragilizando. E o caçula, que a princípio deveria seguir os demais, acaba
sendo o porto seguro entre eles.
A principio
o jovem parece ter tudo resolvido na vida. Tem um melhor amigo, tem varias
garotas ao seu redor, é popular na escola e ainda é campeão no time de
atletismo. Os treinos e os momentos com os amigos acabam funcionando de outra
forma em Sieger, pois se cria uma tesão, a tesão de ser o melhor amigo, o
melhor corredor, o melhor em tudo. Essa tesão ou desconforto só é perceptível
aos olhos de quem o observar com cuidado, algo que Marc faz. A ligação entre
eles dois se dá de maneira muito tranquila, sem atropelos, sem afobação. É a
irmã menor do outro que o abraça sem ressalvas, é uma ida ao rio, um toque de
mãos ao acaso, um beijo que surge naturalmente. E quando percebem, um já
precisa do outro com tanta intensidade como se nunca estivessem estado
separados.
O filme conta
com uma fotografia belíssima, são vários closes nos atores e nas paisagens que
montam as cenas que é algo realmente surreal e tudo isso acompanhada de uma
trilha sonora fantástica. São meros 78 minutos, mas um trabalho de direção e
roteiro maravilhoso, que em certos momentos não parece ser uma produção independente,
e tudo isso para construir a relação dos dois protagonistas e possibilitar a
concretização deste afeto inesperado que surge entre eles. Não é um conto de fadas, com tudo em uma visão
de cor-de-rosa, há dificuldades, barreiras e problemas a serem superadas, mas
estas são vencidas por uma certeza de do que se quer e do quer se é, que apenas
atitudes como essas o amadurecimento nos proporciona. O filme se mostra maduro
e sensível para retratar de maneira tão singular e carinhosa o que muitas das
vezes o que é uma experiência dolorosa, a descoberta da sexualidade.
P.S.: É
antes que esqueça o final do filme foge do padrão da maiorias dos filmes de
cunho homossexual, o casal fica junto no final.