Título: O Escravo de Capela
Autor: Marcos DeBrito
Ano: 2017
Editora: Faro Editorial
Crítica: Boa Noite pessoal, sei que podem estar lendo essa resenha durante o dia, mas por incrível que pareça só consegui ter uma luz para escrevê-la após a meia noite, a hora fatídica para um livro de terror. Sim pessoal, hoje vamos falar de terror. Passei o dia todo querendo escrever, mas juro para vocês que não consegui, deve ser influência do Sabola.
Abrindo com chave de Ouro a parceria com a Faro Editorial, trago para
vocês “O Escravo de Capela”.
Então, o livro conta a história da família Cunha Vasconcelos no
ano 1792, com a plantação de Cana de Açúcar, antes da ascensão do café, na
fazenda de Capela.
Sabola é um escravo recém-chegado na Capela, que não conhece as regras e
é açoitado logo no seu primeiro dia, mas ele não é um escravo comum e não
abaixa a cabeça, após se recuperar do açoite ele conhece na senzala Akili, que
irá ensiná-lo a fugir da Capela levando ao seu fim fatídico. Não gente a morte
do Sabola não é um Spoiler, pois quando se tem na capa a frase: Quando a morte
é apenas o começo para algo assustador, o mínimo que se imagina é que: sim ele
vai morrer.
A família da casa Grande é composta por Batista o senhor do engenho, o
filho mais velho Antônio, o que cuida dos escravos e Inácio o filho mais novo
que foi para Portugal estudar medicina e agora está de volta. Também na casa
grande temos as escravas, Conceição, Jussara e Damiana.
Apesar do grande preconceito enraizado em Batista e Antônio, podemos
dividir os dois em duas categorias, o primeiro foi criado assim, aprendeu com a
sua cultura e, infelizmente, não tem muita abertura para mudança, já o segundo é
mal mesmo, sem salvação.
Já Inácio puxou a mãe, Maria de Lourdes que até então abandonou a
Fazenda de Capela, não tendo preconceitos e achando injusto como tudo ocorre,
mas sem tomar atitudes para mudar, pois teria que ir contra seu pai e seu
irmão. Além de se apaixonar perdidamente por Damiana.
Não me estendendo muito na história, o livro remete a dois clássicos do
nosso folclore, que ao começar a ler você já consegue imaginar quais seriam, e
é reescrito de uma forma tão interessante que você não vai querer largar.
Bom, comecei a ler o livro e percebi que o autor utiliza de uma
linguagem bem atual apesar de se passar num período colonial, o que me
incomodou no início, aí eu me perguntei: “Rafaella, mas se ele usasse uma
linguagem mais clássica você leria com a mesma facilidade?” e eu me respondi:
“Não, acho que nem leria.” Então resolvi deixar para lá essa minha chatice e fiz
a leitura.
Foi a melhor coisa que fiz, pois realmente valeu a pena. O Marcos
DeBrito conseguiu me fazer sentir em um pouco mais de 280 páginas tantos
sentimentos. Senti dor, pena, raiva, me diverti com a vingança, me apaixonei
por Inácio, torci pelo amor proibido de Inácio e Damiana, amei Sabola, torci
para o Sabola aprontar mais, senti medo do Sabola, descobri segredos muito
antes de ser revelados, chamei o Inácio de burro por não ver o que já tinha
visto, entre outros sentimentos que me aproximaram mais e mais do livro.
Não consegui odiar nenhum personagem, até Antônio que era Mal de
verdade. No fim do livro ele explica bastante o que aconteceu na história (e
confirmou minhas teorias, uhulll). Foi um livro que vivenciei, nada mais que maravilhoso
poder ter o privilégio de ler uma história assim, entrou para uns dos meus
favoritos.